domingo, 16 de fevereiro de 2014

Mais um bode expiatório em nome da ordem?



Estão crucificando dois garotos que não têm culpa sozinhos pela morte do repórter cinematográfico da Band, Santiago Andrade. Existem pontos que a mídia quase não trata como a questão dos Equipamentos de proteção individual e a venda livre dos rojões, que mudaram repentinamente de status passando de inocentes fogos de artifícios a arma de fogo letal. 

Como pode um veículo de comunicação mandar seus jornalistas (ou seriam soldados?) para uma praça de guerra sem EPIs? Eu diria que a Band também assumiu o risco pela morte do seu profissional. Essa é uma questão que passa pela valorização da nossa profissão e como isso não existe... 

Mas tem outro ponto sobre a morte do Santiago que é crucial e que a mídia sequer questiona. Então um inocente rojão que pode ser comprado em qualquer loja de fogos sem que para isso alguém precise tirar licença para manuseá-lo pode ser uma arma letal? Por que nada mudou na legislação depois que um torcedor brasileiro disparou o rojão que causou a morte de um garoto boliviano num jogo pela libertadores, na Bolívia? 

Se rojões continuam sendo fogos de artificios usados apenas para fazer barulho e chamar atenção, e portanto sendo vendidos livremente, por que a polícia não acreditou no depoimento dos dois acusados? 

A caça às bruxas que se seguiu à morte do cinegrafista nada tem a ver com punir os responsáveis. Tem a ver com encontrar um bode expiatório e matar dois coelhos com uma cajadada. Com a opinião pública toda a favor, iniciam uma campanha contra as manifestações e endemonizam os partidos de esquerda.


Sílvia Carla Araújo - Jornalista

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